Bombas - Território

A área tradicionalmente ocupada e reivindicada pela comunidade é de 3.200 ha, sobreposta completamente ao Parque Estadual do Alto Ribeira (Petar). Como em toda a Mata Atlântica, a biodiversidade é muito grande. Na mata, bem preservada, são vistos bugio, macaco, veado, paca, quati, jacutinga, jacu-guaçu, tucano do bico preto, gavião pacani, arapoga, tucaninho, saripoca, macuco, etc.

São encontradas várias cavernas como a do João Fortes, do Jeremias, do Paredão da Casa do Pedro, Boca da Bomba, Areias, Bagre Cego, das Pacas... Há vários “abismos”, sumidouros, como se fossem poços com até 4 metros de diâmetro e profundidade de até 170 metros, acessíveis apenas com rapel. Há também algumas cachoeiras como a do Rio da Cotia e do Pinheirinho com quase 70 metros em terreno inclinado.

A área ocupada atualmente pela roça de 21 famílias é de mais ou menos 50 ha por ano. Tradicionalmente a roça seria feita em coivara: depois de derrubado, o mato é queimado. Também faz parte do costume a rotação de terras: após o plantio a área fica sem ser utilizada por 8 a 10 anos para se recompor. Nesse rodízio seria ocupada uma área de mais ou menos de 500 ha. Com a criação do parque, inicialmente a comunidade foi proibida de fazer roça. Posteriormente a associação conseguiu negociar a continuidade da atividade essencial para a subsistência em áreas demarcadas para cada família, mas continuou proibido fazer a coivara, dificultando muito o trabalho. Com apenas uma área demarcada não é possível fazer rodízio da terra, prejudicando a recomposição do solo.

A preservação da mata e seus recursos é de interesse da comunidade. É nela que tem vivido há mais de um século. Uma área em especial tem recebido o cuidado de todos que é onde estão as nascentes do Córrego Ouro Fino e seus afluentes.

Mesmo assim, é possível explorar com plano de manejo recursos importantes como taquaras e cipós para artesanato, bromélias e ervas medicinais. Com a criação de trilhas para o turismo ecológico, seriam aproveitados os vários atrativos como cavernas, abismos, cachoeiras e a própria fauna e flora.

No entanto, três anos depois da elaboração do RTC, a comunidade ainda espera pelo reconhecimento como remanescente de quilombo, o que é o primeiro passo para que tenha direito à terra que ocupa e preserva há tanto tempo. Não há informações de quando isso ocorrerá.